OS EFEITOS DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NA VIDA DAS MULHERES

Introdução

A violência obstétrica é o ato de procedimentos e condutas que desrespeitam e agridem a mulher na gestação, parto, nascimento e pós-parto.
Muitas mulheres experimentam abusos, desrespeito, maus-tratos e negligência durante a assistência ao parto nas instituições de saúde.
Incluem violência física, humilhação profunda e abusos verbais, procedimentos médicos coercivos ou não consentidos (incluindo a esterilização), falta de confidencialidade, não obtenção de consentimento esclarecido antes da realização de procedimentos, recusa em administrar analgésicos, graves violações da privacidade, recusa de internação nas instituições de saúde, cuidado negligente durante o parto levando a complicações evitáveis e situações ameaçadoras da vida, e detenção de mulheres e seus recém-nascidos nas instituições, após o parto, por incapacidade de pagamento.
São atos agressivos tanto de forma psicológica quanto física.
São praticados pelos profissionais da saúde, que se caracteriza pelo desrespeito, abusos e maus-tratos durante a gestação e/ou no momento do parto.
Causa a perda da autonomia e capacidade das mulheres de decidirem livremente sobre seus corpos e sexualidade.
As práticas violentas com gestantes que estão na fase expulsiva do parto também podem consistir em rotinas e normas que sabe-se que são desnecessárias, mas são feitas mesmo A violência obstétrica é uma realidade perturbadora que afeta inúmeras mulheres ao redor do mundo, marcando um período que deveria ser de alegria e expectativa com traumas e sofrimento. Este tipo de violência, caracterizado pelo abuso físico, emocional ou psicológico durante o parto ou qualquer fase da gestação, não apenas viola os direitos fundamentais das mulheres mas também deixa cicatrizes profundas que podem persistir por toda a vida. Este artigo explora os efeitos devastadores da violência obstétrica e destaca a urgência de ações para sua erradicação.

A Realidade da Violência Obstétrica

A violência obstétrica engloba uma gama de práticas abusivas que podem variar desde comentários desrespeitosos e negligência até procedimentos médicos realizados sem o devido consentimento da gestante. Estas ações não apenas representam uma violação grave dos direitos humanos mas também contradizem os princípios básicos da ética médica. Apesar de sua gravidade, a violência obstétrica frequentemente permanece invisível e é raramente discutida na sociedade, perpetuando um ciclo de abuso e sofrimento.

Efeitos Físicos e Psicológicos

A violência obstétrica não se limita a impactos imediatos; seus efeitos físicos e psicológicos podem ser profundos e duradouros, afetando significativamente a saúde e o bem-estar das mulheres. Esses efeitos vão além do trauma físico e entram na esfera emocional e psicológica, complicando um período que deveria ser marcado pela expectativa de acolher uma nova vida.

Efeitos Físicos

Os efeitos físicos da violência obstétrica podem variar desde lesões menores até complicações graves, que requerem tratamento médico prolongado:

Lesões e Lacerações: Procedimentos realizados de forma brusca ou sem o devido cuidado podem resultar em cortes e lacerações, especialmente durante partos vaginais. Tais lesões podem necessitar de suturas e provocar dor prolongada.

Hemorragias: A falta de cuidado adequado durante o parto pode levar a hemorragias severas, que são uma das principais causas de mortalidade materna. Este risco é exacerbado quando o tratamento é inadequado ou atrasado.

Infecções: Uma higiene inadequada e procedimentos realizados em condições não estéreis podem aumentar o risco de infecções pós-parto, algumas das quais podem ter consequências de longo prazo para a saúde reprodutiva da mulher.

Efeitos Psicológicos

Os efeitos psicológicos são frequentemente mais complexos e podem afetar profundamente a qualidade de vida das mulheres:

Trauma Psicológico e Estresse Pós-Traumático: A violência obstétrica pode deixar marcas psicológicas duradouras. Mulheres podem reviver a experiência traumática através de flashbacks e pesadelos, uma característica central do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

Depressão e Ansiedade: O trauma associado à violência obstétrica pode levar a um estado persistente de depressão ou ansiedade. Esses estados podem interferir nas atividades diárias da mulher, afetando sua capacidade de cuidar de si mesma e de seu bebê.

Desconexão Emocional: O impacto emocional da violência obstétrica pode dificultar a formação de um vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. Esse vínculo é crucial para o desenvolvimento emocional e físico da criança e sua dificuldade pode ter implicações de longo prazo tanto para a mãe quanto para o bebê.

Dificuldades de Amamentação: O estresse e a ansiedade resultantes da violência obstétrica podem afetar a capacidade da mulher de amamentar. Problemas na lactação não são apenas desafiantes fisicamente, mas também podem aumentar o sentimento de inadequação e frustração na nova mãe.

Os efeitos da violência obstétrica são multifacetados e podem persistir muito além do período perinatal. A importância de abordar essas questões com empatia, cuidado e intervenção médica e psicológica adequada não pode ser subestimada. O reconhecimento e a prevenção da violência obstétrica são essenciais para proteger a saúde e o bem-estar das mulheres e assegurar que a experiência da maternidade seja segura e positiva.

 

A Necessidade de Mudança

Para combater a violência obstétrica, é necessário um esforço conjunto de toda a sociedade, incluindo o poder público, os profissionais de saúde e a população em geral. Além de promover a conscientização sobre essa questão, é crucial implementar e reforçar legislações que protejam as mulheres durante a gestação e o parto. No Brasil, leis como a do Parto Humanizado (Lei nº 11.108/2005) são passos importantes, mas a aplicação e o monitoramento dessas leis precisam ser intensificados.

Conclusão

 

A violência obstétrica é uma grave violação dos direitos das mulheres que exige atenção imediata. Além de legislação adequada e políticas públicas eficazes, é essencial cultivar uma cultura de respeito e cuidado no atendimento à saúde materna. A mudança começa com o reconhecimento do problema e a disposição para falar abertamente sobre ele, desafiando as normas que permitem que essa violência persista. Juntos, podemos e devemos trabalhar para garantir que cada mulher tenha uma experiência de maternidade segura, respeitosa e empoderadora, livre de abusos e desrespeitos. que não respeitem as mulheres, os seus corpos e suas vontades.