Você sabia que mulheres negras no Brasil morrem mais no parto do que mulheres brancas? Que elas recebem menos analgesia, enfrentam maior tempo de espera no atendimento e são mais ignoradas em suas dores?
Esses dados não são coincidência. Eles revelam uma dura verdade: o racismo estrutural que atravessa o sistema de saúde e se manifesta de forma cruel no momento mais delicado da vida — a gestação e o parto.
Neste artigo, vamos abordar o que é o racismo obstétrico, quais direitos já são garantidos por lei, o emblemático caso Alyne Pimentel, e como toda mulher pode se proteger e reivindicar atendimento digno e respeitoso.
Diversos estudos comprovam que mulheres negras sofrem mais:
Esses dados são reflexo direto de desigualdades históricas e sociais que afetam a forma como profissionais e instituições de saúde prestam atendimento.
O racismo obstétrico é a manifestação do racismo estrutural dentro da assistência ao parto. Não é acaso: pesquisas demonstram que a cor da pele influencia a atenção recebida.
Exemplo comum: mulheres negras relatam ter sua dor minimizada, receber menos anestesia ou serem tratadas de forma desrespeitosa durante o parto.
Trata-se de uma grave violação aos princípios da igualdade, dignidade da pessoa humana e direito à saúde, garantidos pela Constituição Federal.
Ainda não existe no Brasil uma lei específica que tipifique a violência obstétrica. No entanto, a proteção às gestantes — e em especial às mulheres negras — encontra respaldo em diversas normas:
Alyne Pimentel, mulher negra, morreu em 2002 após negligência no atendimento obstétrico em Nova Iguaçu/RJ. O caso chegou à ONU, que condenou o Brasil por racismo e descaso no cuidado à saúde reprodutiva de mulheres negras.
Foi a primeira vez que um país foi condenado internacionalmente por mortalidade materna associada ao racismo obstétrico. Esse precedente reforçou a necessidade de o Brasil adotar políticas públicas e responsabilizar instituições de saúde.
Toda mulher, inclusive mulheres negras, tem direito a:
Negar esses direitos, ou reduzi-los com base em estereótipos raciais, configura violação constitucional e pode gerar responsabilidade civil e criminal.
Imagine que Joana, mulher negra, chega em trabalho de parto a uma maternidade conveniada ao SUS. Apesar das dores intensas, demora a ser atendida, não recebe analgesia e ainda é alvo de comentários discriminatórios.
Esse cenário não é apenas violência obstétrica — é racismo obstétrico. Joana pode denunciar a conduta à ouvidoria do hospital, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e também buscar reparação judicial por danos morais e materiais.
O parto respeitoso também precisa ser antirracista. Invisibilizar a dor das mulheres negras é perpetuar desigualdades históricas e violar direitos fundamentais.
A informação é a maior ferramenta de proteção. Toda gestante precisa conhecer seus direitos e exigir atendimento digno, humano e igualitário.
Se você se identificou com essa realidade, lembre-se: seus direitos podem e devem ser respeitados. Informação é o primeiro passo para a justiça.