A MATERNIDADE NÃO DEVE SER MARCADA POR VIOLÊNCIA

Introdução

A maternidade é um dos momentos mais significativos na vida de muitas mulheres, mas, infelizmente, nem sempre é marcada apenas por alegrias. A violência obstétrica, uma realidade sombria enfrentada por inúmeras mulheres, é uma grave violação dos direitos humanos que merece atenção e ação. Este artigo aborda a importância de garantir uma cultura de respeito e apoio durante o parto, visando transformar a experiência de maternidade em algo verdadeiramente positivo e empoderador.

O Que é Violência Obstétrica?

A violência obstétrica é o ato de procedimentos e condutas que desrespeitam e agridem a mulher na gestação, parto, nascimento e pós-parto.
Muitas mulheres experimentam abusos, desrespeito, maus-tratos e negligência durante a assistência ao parto nas instituições de saúde.
Incluem violência física, humilhação profunda e abusos verbais, procedimentos médicos coercivos ou não consentidos (incluindo a esterilização), falta de confidencialidade, não obtenção de consentimento esclarecido antes da realização de procedimentos, recusa em administrar analgésicos, graves violações da privacidade, recusa de internação nas instituições de saúde, cuidado negligente durante o parto levando a complicações evitáveis e situações ameaçadoras da vida, e detenção de mulheres e seus recém-nascidos nas instituições, após o parto, por incapacidade de pagamento.
São atos agressivos tanto de forma psicológica quanto física.
São praticados pelos profissionais da saúde, que se caracteriza pelo desrespeito, abusos e maus-tratos durante a gestação e/ou no momento do parto.
Causa a perda da autonomia e capacidade das mulheres de decidirem livremente sobre seus corpos e sexualidade.
As práticas violentas com gestantes que estão na fase expulsiva do parto também podem consistir em rotinas e normas que sabe-se que são desnecessárias, mas são feitas mesmo que não respeitem as mulheres, os seus corpos e suas vontades.

A Legalidade e os Direitos das Gestantes

Segundo as legislações internacionais e nacionais, todos os indivíduos têm o direito ao mais alto padrão possível de saúde, o que inclui uma experiência de parto livre de abusos e desrespeitos. No Brasil, a Lei do Parto Humanizado (Lei nº 11.108/2005) garante o direito à dignidade durante o parto, à privacidade e ao respeito. Além disso, o Estatuto da Gestante está em discussão para reforçar esses direitos e oferecer ainda mais proteções legais contra a violência obstétrica.

Por Que é Crucial Combater a Violência Obstétrica?

A necessidade de combater a violência obstétrica é urgente não apenas por uma questão de respeito aos direitos humanos, mas também porque tal violência afeta profundamente a saúde psicológica e física das mulheres. Mulheres que experienciam violência obstétrica são mais propensas a sofrer de depressão pós-parto, ansiedade e outros transtornos psicológicos, além de complicações físicas. A promoção de uma cultura de cuidado e respeito no parto é fundamental para a saúde e bem-estar de mães e bebês.

Como Mudar Essa Realidade?

  1. Educação e Conscientização: Informar profissionais de saúde e a sociedade sobre o que constitui violência obstétrica e suas consequências é o primeiro passo para mudar essa realidade. Cursos de capacitação e workshops podem ser implementados em hospitais e clínicas para educar sobre práticas de parto respeitosas.

  2. Empoderamento das Mulheres: As gestantes devem ser encorajadas a conhecer seus direitos e a se empoderar para demandar um tratamento digno. Isso inclui o direito de escolher livremente sua posição durante o parto, o direito a um acompanhante de sua escolha e o direito ao consentimento informado sobre qualquer procedimento médico.

  3. Advocacia e Apoio Legal: A advocacia por políticas que protejam e promovam os direitos das gestantes é crucial. Organizações não governamentais e advogados especializados podem oferecer suporte legal às vítimas de violência obstétrica, além de pressionar por mudanças legislativas mais amplas.

Conclusão

Combater a violência obstétrica é essencial para garantir que a maternidade seja uma experiência segura e respeitosa. É necessário um esforço conjunto de profissionais de saúde, legisladores, advogados e a sociedade como um todo para assegurar que todas as mulheres recebam o cuidado e o respeito que merecem. A maternidade não deve ser marcada por violência, mas sim por apoio e respeito, criando um ambiente onde as mulheres se sintam verdadeiramente empoderadas e seguras.