QUANDO RECORRER À JUSTIÇA POR ERRO MÉDICO DURANTE A GESTAÇÃO E O PARTO?

Introdução

A gestação e o parto são momentos únicos e transformadores na vida de uma mulher, mas também envolve cuidados médicos essenciais que demandam atenção e precisão. Infelizmente, nem sempre o atendimento prestado pelos profissionais de saúde ocorre de forma adequada, o que pode gerar situações de erro médico.

Se você ou alguém próximo enfrentou complicações ou danos causados por condutas inadequadas de profissionais de saúde durante a gestação ou o parto, saiba que é possível buscar reparação judicial. Mas, afinal, como saber se o ocorrido é um erro médico? Quando é o momento certo para acionar a Justiça? Este artigo busca esclarecer essas dúvidas, mostrando os passos necessários para identificar e agir em casos de erro médico, além de explicar como a legislação protege os pacientes.

O Que é Erro Médico?

Erro médico é a conduta negligente, imprudente ou imperita de um profissional de saúde que causa danos ao paciente. Durante a gestação e o parto, o erro médico pode ocorrer de diversas formas, como falhas no diagnóstico, omissão de cuidados, intervenções desnecessárias ou mal realizadas.

Principais Tipos de Erros Médicos na Gestação e no Parto:

  1. Diagnóstico Incorreto ou Tardio: Falha em identificar complicações, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional ou alterações fetais.
  2. Negligência: Demora no atendimento, omissão de cuidados ou falta de monitoramento adequado da mãe e do bebê.
  3. Imprudência: Decisões médicas sem a devida cautela, como induzir um parto sem justificativa clínica.
  4. Imperícia: Falta de habilidade técnica na realização de procedimentos, como cesarianas ou episiotomias.
  5. Omissão de Informações: Não informar a gestante sobre os riscos, benefícios e alternativas de um procedimento, violando o direito ao consentimento informado.

Quando o Erro Médico Pode Ser Alegado?

É importante diferenciar um erro médico de complicações inerentes à gestação e ao parto, que podem ocorrer mesmo com o melhor atendimento disponível. Um erro médico pode ser alegado quando há:

  • Falta de Consentimento Informado: A realização de procedimentos médicos sem a explicação prévia dos riscos, benefícios e alternativas disponíveis.
  • Dano à Saúde: Lesões ou complicações causadas à mãe ou ao bebê que poderiam ter sido evitadas com os cuidados adequados.
  • Conduta Contrária às Boas Práticas Médicas: Intervenções realizadas de maneira inadequada ou sem justificativa técnica, como a realização da manobra de Kristeller (pressão no abdômen da mãe para facilitar a saída do bebê, prática condenada pela Organização Mundial da Saúde).
  • Falha na Assistência: Negligência durante o monitoramento da gestante ou omissão de cuidados básicos, como a falta de atenção em sinais de alerta durante o trabalho de parto.

Legislação e Direitos da Gestante

A legislação brasileira protege o direito à saúde e à dignidade da gestante, assegurando que ela receba atendimento adequado em todas as etapas da gestação e do parto.

Constituição Federal – Art. 196

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078/1990

Aplicado às relações entre pacientes e planos de saúde ou instituições privadas, assegura que a prestação de serviços médicos seja adequada, segura e eficaz.

Código Civil – Art. 186 e Art. 927

Prevê a reparação por danos materiais e morais causados por ação ou omissão que viole um direito.

Lei nº 8.080/1990 – Lei Orgânica da Saúde

Regulamenta o Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece o direito à saúde integral e humanizada.

Direito ao Consentimento Informado

De acordo com o Código de Ética Médica, nenhum procedimento pode ser realizado sem o consentimento da paciente, salvo em situações de risco iminente à vida.

Como Proceder em Caso de Erro Médico?

Se você suspeita que sofreu um erro médico durante a gestação ou o parto, é fundamental agir de forma estratégica para garantir seus direitos.

Passo 1: Identifique o Erro

  • Busque informações detalhadas sobre o ocorrido.
  • Consulte um médico de confiança para avaliar se houve falha na conduta anterior.

Passo 2: Documente Tudo

  • Solicite uma cópia do prontuário médico. Ele é essencial para comprovar as ações realizadas durante o atendimento.
  • Guarde exames, receitas, laudos e qualquer comunicação com o hospital ou plano de saúde.

Passo 3: Consulte um Advogado Especializado

  • Procure um profissional com experiência em direito médico para avaliar o caso.
  • Um advogado especializado poderá orientar sobre a viabilidade de uma ação judicial e quais provas são necessárias.

Passo 4: Busque Reparação Judicial

  • Dependendo do caso, é possível ingressar com uma ação por danos materiais, morais e, em alguns casos, lucros cessantes (como incapacidade de trabalhar devido a complicações).
  • A indenização pode incluir o reembolso de despesas médicas, cobertura de tratamentos futuros e compensação pelos danos emocionais sofridos.

Passo 5: Denuncie

  • Além da ação judicial, você pode denunciar o profissional ao Conselho Regional de Medicina (CRM), que investigará a conduta ética do médico.

Conclusão

O erro médico durante a gestação e o parto é uma realidade que pode trazer graves consequências para a saúde da mãe e do bebê. Conhecer seus direitos e agir rapidamente são passos fundamentais para garantir justiça e reparação.

Se você passou por uma situação semelhante, não hesite em buscar orientação jurídica especializada. Além de proteger seus direitos, você pode ajudar a prevenir que outras mulheres enfrentem as mesmas dificuldades.

Lembre-se: saúde é um direito, e negligência ou imprudência não devem ser toleradas! Compartilhe este artigo para que mais pessoas conheçam seus direitos e saibam como agir diante de erros médicos. 

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