Quando o que deveria ser cuidado vira trauma
O parto é um dos momentos mais esperados da vida de uma mulher.
Ansiedade, esperança, amor e medo se entrelaçam. É o nascimento de um bebê — e também de uma mãe.
Mas, para muitas mulheres no Brasil, esse instante sagrado se transforma em dor, desrespeito e indignação.
A violência obstétrica, embora silenciosa em muitos casos, deixa marcas profundas: no corpo, na mente e na alma.
Se você passou por algo parecido — ou conhece alguém que viveu isso — este artigo foi feito para você.
Você vai entender seus direitos, como identificá-los quando são violados e o que fazer para buscar justiça.
Porque sua história importa. E a justiça existe para quem a busca.
🔎 O que você vai aprender aqui:
- O que é violência obstétrica e como reconhecê-la
- Exemplos reais que não podem ser normalizados
- O que diz a legislação brasileira e internacional
- Direitos da mulher no parto e pós-parto
- Como denunciar e quais provas utilizar
- Quando é possível pedir indenização
- Por que contar com um escritório jurídico especializado faz a diferença
🤰 O que é violência obstétrica?
Violência obstétrica é qualquer ato ou omissão durante o pré-natal, parto, nascimento ou pós-parto que viole a dignidade da mulher, cause dor física ou emocional, ou desrespeite sua autonomia.
Ela é praticada, em geral, por profissionais de saúde — médicos, enfermeiros, técnicos — e muitas vezes é naturalizada como “procedimento padrão”, mesmo sendo ilegal ou antiético.
🚩 Como reconhecer a violência obstétrica:
- Falta de consentimento informado: procedimentos realizados sem explicar riscos, opções ou pedir autorização.
- Desrespeito à autonomia da mulher: decisões impostas, sem escuta ou escolha.
- Intervenções invasivas ou desnecessárias: como episiotomia forçada ou manobra de Kristeller.
- Violência verbal ou humilhação: frases ofensivas durante o parto (“Na hora de fazer não gritou”).
- Negligência ou omissão: falta de analgesia, demora no atendimento, abandono emocional.
- Impedir acompanhante: mesmo com lei garantindo esse direito.
- Separar mãe e bebê sem justificativa clínica: violação do vínculo imediato e do direito à amamentação precoce.
⚠️ Exemplos reais — e por que não podem ser tratados como “normais”
🗣️ Frases humilhantes
“Você não gritou na hora de fazer, né?” → Humilhação psicológica.
✂️ Episiotomia sem consentimento
Corte vaginal sem autorização → Violação corporal e integridade física.
🚫 Impedir acompanhante
Desrespeito à Lei nº 11.108/2005, que garante a presença de acompanhante no parto.
💥 Manobra de Kristeller
Pressão sobre a barriga para acelerar o parto → prática desaconselhada pela OMS, com risco real à vida.
🚫 Toques vaginais repetitivos e sem explicação
Causam dor, constrangimento e trauma → sem consentimento, é violência.
🩺 Negar analgesia sem justificativa
Não é parte do sofrimento “normal”. É falta de cuidado e pode gerar responsabilidade médica.
👶 Cesárea forçada ou sem indicação clínica
Aumenta riscos e infringe o direito de escolha da mulher.
🤱 Separar o bebê sem contato pele a pele
Interrompe vínculo afetivo e amamentação. Não é justificável sem urgência clínica.
⚖️ A violência obstétrica é crime?
Mesmo que ainda não exista uma lei penal com o termo “violência obstétrica”, as condutas que a caracterizam já são ilegais, e podem gerar:
-
Responsabilidade penal (Código Penal)
- Art. 129: Lesão corporal
- Art. 146: Constrangimento ilegal
- Art. 135: Omissão de socorro
- Art. 133: Abandono de incapaz
-
Responsabilidade civil e administrativa
- Por dano moral, físico ou estético
- Por infração ao Código de Ética Médica (CFM)
- Por descumprimento de portarias do Ministério da Saúde
📚 Base legal e internacional aplicável
📝 Legislação nacional:
- Constituição Federal (Art. 1º, III e Art. 5º): Dignidade da pessoa humana e integridade física e moral
- Lei 11.108/2005: Garante acompanhante no parto
- Lei 8.080/1990: Atendimento integral e humanizado no SUS
- Portaria MS nº 1.459/2011 (Rede Cegonha): Diretrizes para gestação e parto respeitoso
- Código de Ética Médica (CFM Res. 2.217/2018): Proíbe procedimentos sem consentimento informado
🌍 Normas internacionais ratificadas pelo Brasil:
- Convenção de Belém do Pará (violência contra a mulher)
- CEDAW – ONU (eliminação da discriminação contra mulheres)
- Pacto de San José da Costa Rica
- Diretrizes da OMS (2018): Recomenda parto respeitoso, com autonomia, vínculo mãe-bebê e sem intervenções desnecessárias
🤱 Quais são os direitos da mulher no parto e pós-parto?
✅ Ser respeitada em todas as fases do atendimento
✅ Ter acompanhante de sua escolha
✅ Consentimento livre e esclarecido para qualquer procedimento
✅ Receber analgesia ou anestesia, se indicada
✅ Ter contato pele a pele com o bebê imediatamente
✅ Amamentar de forma livre, quando possível
✅ Planejar o tipo de parto, com base em informações e exames
✅ Ser ouvida, acolhida e protegida durante abortos legais ou espontâneos
📣 Como denunciar a violência obstétrica?
Denunciar é um ato de coragem — e também de prevenção para outras mulheres.
🛑 Canais oficiais:
- Hospital/Maternidade: registre na ouvidoria
- Secretaria de Saúde: denúncia formal
- CRM / COREN: denúncia ética
- Delegacia da Mulher: boletim de ocorrência
- Ministério Público: representação cível ou penal
- Disque 180: Central de Atendimento à Mulher
- Disque 136: Canal do Ministério da Saúde
🧾 Que provas você pode reunir?
- Cópia do prontuário médico
- Relatórios ou laudos de outros profissionais de saúde
- Fotos, vídeos, áudios (se possível e seguro)
- Testemunhos do acompanhante ou da equipe
- Relatos pessoais com datas, horários e nomes
💰 Posso pedir indenização? Sim — e veja como funciona:
A violência obstétrica pode gerar:
- Danos morais: sofrimento, trauma, humilhação
- Danos físicos ou estéticos: cicatrizes, sequelas
- Danos materiais: tratamentos médicos, terapias
- Responsabilidade do hospital ou do profissional
As ações podem ser contra:
- O hospital/maternidade (responsabilidade objetiva)
- O profissional de saúde (civil e ética)
- O Estado, quando for serviço público
🎯 Dilemas comuns — e como vencê-los
🗣️ “Foi um médico experiente. Não foi proposital.”
➡️ Experiência não isenta responsabilidade. Consentimento e respeito são obrigatórios.
🗣️ “Isso acontece com todo mundo.”
➡️ Rotina não justifica abuso. O que é comum pode ser ilegal.
🗣️ “Não quero causar problemas.”
➡️ Denunciar é proteger outras mulheres — e também curar sua história.
👩⚖️ Por que contar com um escritório especializado?
Casos de violência obstétrica envolvem:
- Leis específicas
- Códigos de ética médica
- Normas de saúde
- Provas sensíveis
- Dano emocional
Um escritório especializado:
- Avalia juridicamente seu caso
- Monta a estratégia adequada
- Recolhe provas, laudos e testemunhos
- Atua com empatia, sigilo e responsabilidade
- Vai com você até o fim — para transformar dor em reparação
💬 Sua voz tem valor. Sua história merece justiça.
Se você reconheceu alguma situação acima na sua experiência, não silencie sua dor.
Violência obstétrica não é “parte do parto”, não é normal, não é aceitável.
Você tem direitos, leis e respaldo para exigir dignidade e reparação.
Não enfrente isso sozinha.
Converse com um time jurídico que entende a sua dor — e também a força da sua verdade.